terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Vestir Rubro-Negro

Entre amarelos-ouro e rosas, a missão dos azuis é bem mais complicada que a dos comandados de Abramovic. Eduardo Bandeira de Mello foi 'eleito' nesta segunda-feira, 2, presidente do Clube de Regatas do Flamengo e promete uma revolução na maneira de gerir o clube, baseado na experiência que ele e os companheiros de chapa adquiriram no ramo. Externos até determinado ponto ao que se passa nos bastidores sujos da gávea, os membros da chapa azul foram extremamente repudiados pelas panelas de pressão caseiras que lá se formam e explodem tanto que nem é preciso estar no Rio, nem torcer para o clube ou conhecê-lo por muito tempo.
Talvez seja nesse olhar de fora que a nova comitiva rubro-negra pode ser eficiente. As medidas pré-anunciadas desenham o foco do trabalho de Bandeira: o futebol. Dumbrovski continuou o mandato de Márcio Braga nessa linha, de forma desorganizada é verdade, mas conquistou um título, depois de o Flamengo ter conseguido 3º e 5º lugares nos campeonatos anteriores respectivamente.
É evidente que a estrutura fiscal, a estrutura econômica e a estrutura física precisam ser reformuladas para que haja reflexo no campo, mas não da forma amadora com a qual foi feita pela gestão 2010-2012. O embate com Zico talvez tenha sido a derrapada mais brusca, mas Patrícia já havia perdido o controle da comitiva ao delegar poderes a Capitão Léo e Helio Ferraz - que votou na chapa azul.
O desafio de Mello é um pouco mais além. Organizar a casa administrativamente e futebolisticamente. Na atual gestão - pelo menos até o dia 15 de dezembro - o rubro-negro conta um título estadual e nada mais, além de campanhas vexatórias de marketing para um clube que teve prejuízos enormes nas vendas a partir de julho de 2010.
Não conceder a ele o status de salvador da pátria - ou da nação - pode ser um primeiro passo muito interessante. Não haverá como avaliá-lo antes de 6 meses de gestão. O torcedor, que é impaciente por natureza, quer colher antes de plantar e muito provavelmente não entenderá isso de imediato, mas se propôs a vestir rubro-negro, almejando mudanças e uma forma moderna de ver o futebol, ainda que arraigado na ideia de que clube é clube e empresa é empresa. Será?