quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Missão (Im) possível?
Gerir é uma ação que depreende diversas outras habilidades tão ativas quanto. Candidatar-se a uma gestão é, talvez, o maior desafio consigo mesmo, antes de estar a frente de um grupo. Pelo menos, é esta a experiência dos mandatários do Flamengo, pouco mais de um mês a frente do clube. Se empreender é um ato que envolve coragem, solidez e credibilidade, agir de forma empreendedora em um clube cujas crateras financeiras ultrapassam quaisquer expectativas negativas, mais ainda. Dentro destes três pontos, a chapa azul objetiva, antes de tudo, a reestruturação financeira do rubro-negro e é por eles que procuramos nos atentar a uma breve análise da embrionária gestão.
Eduardo Bandeira de Mello e Luiz Fernando Bapstista, o Bap, encontraram um clube no qual não apenas jogadores, mas funcionários não tinham seus compromissos cumpridos de forma legal. Como em uma empresa, a primeira medida é a de corte de gastos. A coragem com a qual fizeram e estão fazendo isto é assustadora em se tratando de Flamengo. Duas ações nos fazem caracterizá-la como tal: a dispensa de Vágner Love e o enxugamento dos esportes olímpicos. O primeiro, por se tratar da maior - e talvez única - estrela da companhia. O mais comum para o Flamengo seria negociar, negociar, negociar e continuar devendo. De forma sensata, foi apresentada ao jogador a situação do clube e ele saiu como qualquer outro trabalhador sairia, caso soubesse que não teria seu salário em dia; o segundo, por adotar uma medida que nenhum outro havia feito: parece-nos evidente de que, além do futebol, apenas o basquete traz algum retorno no mercado. E este ainda não é autossustentável. Sem estrelas, com pé no chão e coragem, foram-se Love e Cielo.
Quanto à solidez, esticamos a ótica a outros dois fatores emblemáticos do clube: a redução salarial - de imagens ou luvas, que seja - de Leonardo Moura e as contratações com um limite de gastos. O lateral, já há oito temporadas no clube, será peça-chave neste período de vacas magras, enquanto as contratações ainda não prometem, mas trazem em si uma carga de potencial que pode ir além das expectativas. Elias, Gabriel, João Paulo e, eventualmente, Carlos Eduardo estão longe de serem reforços de ponta, mas não podem ser desprezados tão facilmente.
Quando o assunto é credibilidade, outros dois componentes entram em cena: a experiência do grupo e a aliança com o conselho. Com o contrato às portas de ser assinado, a comitiva rubro-negra sentou, leu e deu sua posição à Addidas, nova fornecedora de material esportivo. Evidentemente que no fim das contas a fornecedora será mais beneficiada que o clube, mas alterar alguns pontos no contrato foi o primeiro grande feito dessa diretoria. Depois, um novo patrocinador e uma nova forma de pensar as marcas. Baptista consegue R$ 10 milhões pelos próximos 3 anos na calada da noite e antecipa o anúncio em um dia da aprovação do conselho deliberativo. Daí a importância de aliados em outras frentes.
Talvez não seja repleta de êxitos, mas a nova diretoria faz do Flamengo uma empresa em crise, conhecendo todas as formas legais de débitos, com um potencial de receita ainda grande e reconhecido no mercado. Basta seguir em frente!
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