quinta-feira, 5 de julho de 2012

Bando de loucos: isto é um time equilibrado

Loucos mesmo. E, de fato, são um bando que não deixa nenhum bairro de nenhuma cidade dormir na madrugada de 5 de julho de 2012, mas o time é absolutamente equilibrado, frio, irritante para o adversário. No estádio municipal de São Paulo, o que se pareceu ter visto foi uma inversão de cores. A experiência amarela e azul vestia branco e preto e a pressão, o perder a cabeça, a bola que não se pode atravessar no meio da área, que só acontecia na Libertadores, ganhou cores. Convicto de seus objetivos, Adenor mandou o que tinha de melhor. O que tomara 4 gols até então na competição, o que eliminara o time de Neymar e companhia. Era este o melhor. Os protótipos de técnico pediam o menino que julgavam ser o amuleto da final, mas pareciam se esquecer de um 11 com estrela e e um 11 que, em 2010, tirou o Fluminense de um jejum de 27 anos e que fez um gol imprescindível na campanha. Num bate-rebate, truncado como a decisão, Danilo sem querer, querendo, colocou o 11 na frente do gol. Sem esitar, o sheik enriqueceu as esperanças do fim de uma angústia. O Boca, assistindo a tudo, fez-se de forte, mas sabia que não havia forças, como não havia idade para um Schiavi tentar atravessar uma bola no meio da área. Mais uma vez gelado, Emerson declarou a independência americana de um bando: exatamente no dia 4 de julho. E o equilíbrio?- perguntarão os mais atentos - está no número de chances criadas pelo adversário e na maturidade de dois homens, sem os quais nem o 11, muito menos os 11 chegariam lá: Ralf e Paulinho anularam o Boca, anularam as ruas, anularam o tabu. Enlouqueça, sabendo que seu time, corinthiano, é o mais equilibrado e, por isso, campeão da América!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Eurospanha

Seis anos se passaram. O time que não ganhara nada até 2006, entrou em campo em busca de uma tríplice coroa e da afirmação em um cenário do futebol internacional de seleções. Seis anos se passaram. Que amadurecimento. Os mais velhos, ou os com mais memória, devem se lembrar de que, da primeira vez, a Espanha não era tão encantadora assim e quebrou o pragmatismo alemão. Veio o Barça, veio a África, veio o Mundo. A fúria, nem tão agressiva quanto a alcunha, colocou a bola no chão e os adversários na lona. "Ah, só vence por 1 a 0", disseram os desacostumados e os que não entendem o objetivo principal do esporte. Veio, então, a Euro. Em crise como o continente, a competição esteve longe de qualquer glamour e a Espanha, longe de qualquer camisa 9. Fernando Torres parece ter entrado em um portal do esquecimento de se fazer boas atuações e gols. Llorente ainda é imaturo e pode freiar o ritmo do meio-campo. Negredo é só mais um. Coube, então, a Vicente Del Bosque, a tarefa de copiar o Barça, tarefa nada difícil para um meio-campo com Busquets, Xavi e Iniesta. Ainda assim, o comandante foi questionado por dar a Fabregas o posto de "Falso 9", que há de se tornar uma nova posição no futebol. Relutante, pouco mudou, quando preciso. Aos catalãos, juntaram-se Xabi Alonso e David Silva. Foi uma aula. Divertindo-se, a - agora sim - encantadora Espanha parece ter ganho a simpatia de uma espectadora privilegiada: a bola, a quem tratam com carinho único no mundo. Esqueça a crise, esqueça o Euro e faça apostas. Até quando vai a hegemonia espanhola? Diante de uma Itália renascida por Cesare Prandelli, a Espanha fez o seu jogo. E o seu jogo, só o Barcelona sabe fazer. E agora: quem imitou quem?