quinta-feira, 5 de março de 2015

O último dos moicanos

       Leonardo Moura fez sua partida de número 519, a última, com a camisa do Flamengo. Em 2005, ele certamente não responderia com convicção que se tornaria, dali a dez anos, o 7º jogador que mais vestiu a camisa do Flamengo. 
       Talvez a geração anterior a essa tenha saudades de Leandro até hoje, 35 anos depois. O "peixe frito" foi o lateral direito dos tempos áureos e conquistou a América e o mundo pelo clube. Com Léo, não há de ser diferente. A identificação foi construída com regularidade na posição, tal que o levou à Seleção Brasileira em 2008.
       É bem verdade que nesses 10 anos, o Flamengo não trouxe sombra nenhuma na lateral direita. Mas Léo se garantiu por ali quando elas pareciam querer aparecer. Foi assim com Welington Silva, hoje no Fluminense, o único que ameaçou o Capitão rubro-negro.
       Antes mesmo de virar tendência com Neymar, Léo já usava o penteado que ganhou o mundo na primeira década de Flamengo. O primeiro - agora último - dos moicanos teve seus fios irretocáveis e esbranquiçados com os anos pelo time mais popular do país. Neles, 2007 e 2009 certamente foram os mais marcantes para quem esteve na arquibancada. O primeiro, pela arrancada do time em busca da Libertadores. O segundo, pelo memorável fim do jejum de 17 anos.
      Foi sem a braçadeira que Léo Moura demonstrou que a relação ultrapassava questões de ordem de jogo. A chegada de Ronaldinho Gaúcho em 2011 fez com que o lateral multicampeão passasse a faixa ao astro. Um ato solene e compreensível fez com que o moicano fosse ainda mais valorizado.
       Essa valorização ecoou ontem, no Maracanã com 30 mil presentes, no que parecia um simples amistoso. Os gritos de "fica, Capitão" só confirmaram o que Léo fez pelo clube. A massa agradeceu e se sentiu agradecida por ter um ídolo em tempos mercantilistas do futebol.
       O último dos moicanos marca o fim de uma geração que conquistou 5 estaduais, 2 Copas do Brasil e 1 Campeonato Brasileiro. Faltou a América. Sobrou a Nação.