quarta-feira, 27 de maio de 2015

Que Cristóvão vem aí?

       Quando veio a notícia da demissão, ouvida durante o Linha de Passe na última segunda-feira, o primeiro nome à cabeça foi Cristóvão Borges. O baiano foi sondado pelo Grêmio, mas exigiu R$ 300 mil mensais e era questão de tempo para se aventurar no terceiro time carioca da carreira. 

     No primeiro, herdou a vaga de Ricardo Gomes - depois de um AVC sofrido durante um Flamengo x Vasco. Sob a desconfiança que paira sobre um interino, Cristóvão fez um trabalho equilibrado durante um ano. Parou em Cássio. Ainda assim, a passividade ainda não confirmava a postura de alguém à frente de um clube tradicional. 

       Antes de chegar ao segundo, parou na boa terra, a sua terra, para fazer um trabalho consistente no Bahia. A ponto de ser chamado nas Laranjeiras. E, se a imagem de interino o atrapalhou no Vasco, a relação Fluminense-Unimed o incomodou no Fluminense. Cristóvão ficou em segundo plano na guerra de vaidades dentro do clube, que ainda perdura. Pesa, ainda, como para todo o técnico, o relacionamento com Fred, o que não era tanto empecilho assim.

     Agora, menos de dois meses depois da saída, tem o desafio de assumir o Flamengo. Nada de interino, muito menos de relação patrocinadora-clube, Cristóvão terá a chance de, em um clube grande, mostrar as caras e justificar a modernidade pela qual fora tão elogiado desde o primeiro trabalho. 

Dentre as opções, o Flamengo buscou oxigênio no comando e nas finanças. Só o tempo se encarregará de mostrar o quanto a diretoria sabe ou não sabem nada de futebol, mas a aposta é válida. Sobretudo, quando o que se paga seja a resposta: Que Cristóvão vem aí?

terça-feira, 26 de maio de 2015

Vanderlei e a contracultura nem tão brasileira assim

       "A longo prazo, Luxa não tem rendido. Seria ele um bombeiro?". Há exatos 11 meses e dois dias, o blog resolveu listar prós e contras da contratação de Vanderlei Luxemburgo, demitido na noite desta segunda-feira, após reunião do Comitê de Gestão do Flamengo e o prognóstico se confirmou. 

       Deve ser discutida a decisão da diretoria rubro-negra, que deve completar nos próximos dias, 6 técnicos em 30 meses. Entretanto, o time de Vanderlei, encorpado e determinado a sair da tão falada zona da confusão, não apresentou padrão de jogo algum nos quase 30 jogos apresentados até então. 

     Ninguém discute a capacidade de Luxa, mas condenar a decisão é o mesmo que exigir um exercício de futurologia. Mantém o técnico com um time do qual ele já parecia não conseguir total rendimento, ou demite na 3ª rodada para oxigenar o grupo? Como o "pofexô" gosta de ressaltar nas coletivas, "Isso pertence ao futebol."

       O todo-poderoso Real Madrid fez o mesmo exercício de demissão horas antes, consta-se, com o time eliminado na semi-final da principal competição do mundo e apenas há dois pontos do Campeonato Espanhol. Com o agravante de ter sido campeão com o mesmo Carlo Ancelotti na última temporada. "Pertence ao futebol?"

       É cada vez mais difícil, sobretudo no futebol brasileiro, traçar a tão ideal filosofia de jogo. Não seria arriscado dizer que ela representa a contra-cultura do esporte mais apaixonante por aqui, mas não está muito longe de quem trata o futebol como negócio - e bem-sucedido. 

       Luxa, panoramas a parte, rotula-se, cada vez mais, como um técnico a curto prazo e a longo preço. O Flamengo deve muito a ele nesta quarta passagem. Mesmo que desta vez não estejamos falando sobre multa rescisória.