Quarta-feira à noite, jogo contra o Atlético Mineiro, promessa de casa cheia. Não há como não lembrar de 2003. Se a memória ainda ajuda sem o Google, foi em uma quinta-feira de novembro que pude compreender a rivalidade entre o Urubu e o Galo. Naquela noite, meu pai viajava a trabalho e o rádio era a única companhia. Nas ondas dele, com Luiz Penido, vibrei com Andrezinho e Zé Carlos virando o jogo nos minutos finais ao som de "Levantou poeira" no Maraca. 3 a 2!
Desde então, jogo contra o Atlético tem que ser levado a sério. O desta quarta foi. Carregados pela torcida, em considerável inferioridade em relação a 2003 pelo padrão das arenas, o Fla viu que sua maior força neste campeonato vem das arquibancadas. Mais de 40 mil rubro-negros pagaram pra ver.
Em campo, disposição, raça, organização defensiva e pouquíssima qualidade no campo ofensivo. Cáceres e Canteiros cercavam como típicos volantes, mas na tomada de bola, nada de continuidade. Foi então que, subitamente, após um lance de perigo, aos 10 minutos do segundo tempo, a Nação entendeu que ela precisava ser a continuidade.
Perdendo por 1 a 0, o rubro-negro sufocou mais pelo barulho que pela confiança. Aos 20, Eduardo da Silva, ou só Eduardo - talvez Eduardovic - entrou na área e foi derrubado. Pênalti. Léo Moura, contando com o "Sobrenatural de Almeida", deixou tudo igual.
Se a massa já se fazia ecoar, o volume aumentou. A intensidade também. Bastaram 5 minutos de espera para que o croata desempatasse. A polivalência que vinha das arquibancadas era suficiente para atuar defensivamente em campo, coordenando movimentos de ataques sonoros fora dele.
Uma vez mais contra o mesmo Atlético-MG, o Maracanã testemunhou que a torcida do Flamengo levantou poeira e que, com ela, o time é muito capaz de dar a volta por cima.