Se você não viu, não vai entender. Se você viu, vai demorar a entender. O Clube Atlético Mineiro e a Taça Libertadores da América disseram um para o outro: "Além do horizonte deve ter algum lugar bonito pra viver em paz". Mas haja tribulação para atingir a paz.
Oitavas de final. Fácil? São Paulo, o Soberano, dominou o jogo e o noticiário até os 20 minutos do primeiro tempo. Lúcio expulso. Você lembra? A massa sim! Depois disso, R10 mostrou que não era treino e Tatatardelli deixou o Atlético bem perto das quartas. E de outras quartas...
Na outra quarta, show! Se existiu enredo dramático, existiu alívio por um momento. Incontestável, o time de Jô e Bernard despachou o tricampeão. E a Taça? Sussurrava: "Onde eu possa encontrar a natureza, alegria e felicidade com certeza". E o Galo foi até a natureza. A quase 3000 m de altitude. 2 a 2, com critério de desempate, tá tudo certo, certo?!
Na volta das quartas, um time nervoso, sem necessidade alguma. Era com certeza! Nem tanto... Aos 43, pênalti. Victor, em um dos momentos mais épicos, faz um gol sem sair do gol. E a Taça? Mandou o recado: "Lá nesse lugar o amanhecer é lindo, com flores festejando mais um dia que vem vindo." O amanhecer foi mesmo bonito e cheio de felicidade para o torcedor. Para os incrédulos, nem tanto.
Vieram as Confederações, e a Taça tinha o discurso decorado: "Aproveitar a tarde sem pensar na vida, andar despreocupado sem saber a hora de voltar".
Chegou a semifinal. Com ela, um 0-2 incontestável em Rosário. Você acreditou? A massa sim. Na volta, jogo chato, enroscado. Gol no início e mais nada. Até que a luz apagou e ela - a Taça - reiterou: "Andar despreocupado sem saber a hora de voltar". Voltaram. O time, a massa e a história. 48 do segundo tempo, Guilherme e pênaltis. Ele estava lá outra vez. Victor garantiu uma final inédita. "Caiu no horto tá morto."
Que horto? Não tinha mais horto e isso era só mais um aviso: "Gozar a liberdade de uma vida sem frescura."
O Galo nunca precisou se limitar a estádio algum. Estava livre para o encontro no maior estádio de Minas. Sem justificativas!
No Del Chaco, doeu. Gol no fim outra vez e outro 0-2. Mas nada parece ter abalado. Ela veio outra vez e disse: "se você não vem comigo nada disso tem valor, de que vale o paraíso sem o amor. Se você não vem comigo, tudo isso vai ficar no horizonte esperando por nós dois..."
Haja espera. 45 minutos e nada. Bastaram 50 segundos para se deitarem no campo. Jô, como Fred, abriu o placar. Alguma dúvida? A massa não teve. Longos 41 minutos se passaram. E ela, na cabeça de Leonardo Silva, gritou: "Além do horizonte, existe um lugar bonito e tranquilo pra gente se amar."
Além do horizonte. Além de Belo Horizonte. Victor e a trave foram novos roteiros da epopeia. A Taça e o Galo tinham um encontro marcado! Além do Horizonte!
Parabéns, Clube Atlético Mineiro: Campeão da América.