segunda-feira, 23 de junho de 2014

Tenho apenas duas mãos e o sentimento (da Copa) do mundo

"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo", eternizou o eu-lírico de Carlos Drummond de Andrade. Contextos à parte, talvez essas sejam as palavras que mais se aproximam do que se passa.

Consideravelmente limitado, tentei imaginar e responder o que é estar em uma Copa do Mundo? Não consegui. O fato, por si só, é histórico. Para um amante do futebol, ao quadrado. Mas faltava algo.
Faltava o sentimento do mundo. E o mundo sentia e apostava que a Seleção Brasileira passaria em primeiro do grupo.

Com esse sentimento, veio o risco. Jogo 49 - Winner A x Runner Up B - dizia o aviso Padrão Fifa. Era esse, ou nenhum outro. Apostei. Sem chutes em bolão algum, joguei minhas nada baratas fichas em uma substituição: sai Winner A, entra "Brazil", mantendo o idioma Fifa.

Hoje, quando Ericksson, que não é sócio da telefonia, tampouco tem parentesco com o ex-técnico inglês, encerrou o jogo, o sonho ganhou forma. E sentimento. Não posso antecipar, sequer, a reação diante da música introdutória da Fifa. Imagina na capela? Todos os esforços tentam vislumbrar. E nada.

Ah, como é grande esse sentimento do mundo! Como são apenas essas duas mãos, que, se fossem maiores, adiantariam o relógio. O horizonte talvez não esteja tão belo para o time de Felipão, mas pode ficar a partir de então.

E se não ficar? Terei apenas duas mãos e o sentimento do mundo. Seria um misto de egoísmo e hipocrisia tratar o resultado como um detalhe, mas não me arrisco em categorizá-lo. Da entrada ao apito final, serão mais que duas mãos. Serão milhares no peito, outras tantas a empurrar e ainda mais a reclamar, abraçar, gritar, enxugar lágrimas. Quem mandou o sentimento ser desse tamanho?

Hoje, tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo. Da Copa do Mundo!